sábado, 24 de setembro de 2016

SEM RESSENTIMENTOS





Aquela seria a temporada de verão mais intrigante de Sintia e Michael. O casal de ingleses viviam a pior época de seu casamento, parecia que nada dava certo. Brigas e discussões abalavam as estruturas do casal que já tinha nove anos de estrada. Ainda assim, alternavam momentos de felicidade, e momentos de puro declive. Michael já previa que precisava salvar seu casamento, ele realmente amava Sintia, e estava disposto a fazer de tudo para manter o relacionamento.
Naquela noite, após uma série de discussões entre o casal, o telefone de Sintia toca. Era sua amiga Valquiria, que já não via a mais de 8 anos, propondo um jantar. Valquiria dizia por telefone que tinha uma série de coisas pra conversar, e que o jantar havia de ser ainda aquela semana. Uma das especificações de Valquiria, era de que Michael não poderia saber daquela ligação, e que ele não poderia estar no jantar. Sintia estranhou de início, mas logo concordou. Marcaram o jantar para o sábado daquela semana.
Sintia trabalhava numa empresa de designer gráfico, de segunda a sexta. Na sexta feira, ao chegar em casa, uma surpresa. Sintia encontrou as luzes apagadas, do primeiro portão da casa já era possível sentir um cheiro agradável, do que parecia ser de rosas, que ficava mais evidente conforme ela se aproximava da sala principal. Ao abrir a porta, a sua música predileta começa a tocar, ela sorri. Michael vai ao encontro de Sintia na porta, nas mãos duas taças de vinho tinto, e antes que ela pudesse expressar mais alguma reação, Michael a beija de uma forma, que parecia traduzir todas as histórias de vida que se pode ter em nove anos, com apenas um gesto. Ele trajava uma roupa engraçada, a mesma do primeiro encontro dos dois, já que sempre foi extremamente bem humorado, ele conseguia tirar sorrisos de Sintia sem muito esforço. Eles pareciam ter voltado ao amor insano e intenso de oito anos atrás, conversaram por horas, pareciam ter colocado todos os pontos que faltavam nos is.  
No dia seguinte, Sintia estava radiante. E embora quisesse ficar em casa a noite, para jantar com Michael, era sábado, e já havia marcado de se encontrar com Valquiria. Ao chegar no restaurante, Valquiria já tinha escolhido a mesa, e parecia estar muito abatida. Sem muito arrodeio, Valquiria dizia que  havia tido um caso com Michael, e que por isso havia ido embora, dizia que amava o casal e que não podia conviver com aquele peso. Sintia apenas chorava, ela parecia não entender como a vida podia ser tão cheia de altos e baixos.
Naquela noite Sintia voltou pra casa transtornada, despejou em Michael tudo que estava sentindo, e saiu de casa correndo, sem ao menos dar a chance do mesmo se explicar.  Ainda naquela madrugada, foi a um cinema ao ar livre da cidade, depois em uma festa da qual não conhecia ninguém e no final, sentou-se em uma praça que dava de frente para um rio da cidade, exausta. Naquele momento a única coisa que passava pela sua cabeça era todos os momentos felizes que havia passado ao lado de Michael, e assim dormiu ali mesmo.  Ao acordar, em seu colo havia um panfleto com a seguinte frase: “A única vingança que leva a felicidade é o perdão”.

Conto por: Adonai Campos

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

EGO


Vejo o inimigo no espelho.


Nós realmente tínhamos de tudo, não, não. Ele, o Edgar tinha de tudo. Ele tinha o melhor emprego da cidade, e era respeitado por todos, patético. Era um cargo de advocacia, o mais prestigiado de toda Albuquerque, e eu ainda nem comecei a falar das suas fortunas no exterior, sim porque ele havia criado firmas em outros países e o negócio ia muito bem.
Nós tínhamos duas filhas, não, digo, ele tinha. Era realmente duas garotas encantadoras, a mais nova fazia ballet clássico, já a mais velha pintava como poucos artistas, e o dom não parava por aí, eram graciosas no canto, musicistas. Ambas compartilhavam de um amor incondicional por nós, digo, por ele. 
E a Olga, tão linda, tão sublime. Nós costumávamos passear  no parque todas as sextas, não, digo, ele costumava. A Olga tinha uma beleza incomparável, era a modelo mais linda de toda Albuquerque, e o mais incrível é que ela não estava lá pelo dinheiro que nós possuíamos, não, digo que ele possuía. Ela o amava. Eles tinham uma forma de se olhar, que transmitia o amor de um para com o outro sem ser preciso dizer uma palavra.
Quando o Edgar me conheceu, todos mostraram suas verdadeiras faces para ele, miseráveis. Eu era generoso, eu contava tudo para o Edgar. o Edgar me conheceu se olhando no espelho, e viramos amigos na mesma hora. Nós nos casamos, e tudo que é dele, também é meu. Eu não tenho culpa se ele preferiu a mim, do que as duas filhas mimadas. Não tenho culpa se ele preferiu a mim, do que a sua esposa que eu tenho certeza que traia ele naqueles desfiles. E não tenho culpa se no trabalho dele, todos queriam derrubá-lo por conta da inveja. 
Depois que o Edgar me conheceu, chamaram ele de louco, só porque ele conversava comigo e ninguém me via. Vocês internaram o Edgar, tentaram separar a gente, então eu expulsei o Edgar, e agora só sobrou eu aqui. Vocês estão felizes?!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

NUNCA IMAGINEI




Tudo estava branco. 
A única coisa que eu lembrava da noite anterior foi uma briga horrível que tive com a minha esposa, Jenna. Ela segurava uma faca na mão e gritava comigo após descobrir que eu a traia com sua irmã, Célia. Após isso, só lembro de estar deitado no chão, sangrando e ela pedindo desculpas pelo que fez.
E agora estou aqui. Não sei se isso é uma sala, um corredor, ou algum lugar no além. Não sei se morri. Eu nunca acreditei em vida pós morte na verdade, mas o que será isso?
Comecei a caminhar sem rumo. Acho que se passou 1 hora ou mais, se é assim que se conta no mundo dos mortos, até que ouvi uma voz... Bem de longe podia ouvir alguém chamando meu nome, Barty. Nunca senti um frio na espinha tão grande, era como se algo morto, gelado, me chamasse. Mesmo assim continuei andando, não porque eu queria, minhas pernas tinham tomado vida própria. Aquilo sempre acontecia, eu era muito curioso, e em circunstâncias como essa, eu andava ao menos sem perceber, mas dessa vez era diferente. Eu não estava nada curioso, eu queria parar, não entendia porque aquilo estava acontecendo. Era como se algo me puxasse e eu não conseguisse controlar. 
Eu tentei correr para o lado contrario, mas era como se minhas pernas não pertencessem mais a mim. Será  que era algum efeito do mundo sobrenatural?
Agora eu estava em uma sala ampla, vazia e eu a vi. Lá no fundo da sala, de costas uma linda mulher com seus cabelos longos e soltos, vestida até os pés com um vestido branco. Era minha esposa. Reconheceria ela em qualquer lugar, de qualquer forma, mas dessa vez ela estava estranha, diferente. Sua voz estava seca, sem vida, estava mais magra que o normal, e parando para perceber agora, seus braços estavam em carne viva. Meu coração acelerou. Será que ela também tinha morrido? E se tivesse, porque ela está dessa forma e eu não, já que foi ela quem me matou?
Tentei chamar seu nome, mas não saia voz da minha gargante, aquilo era agoniante.

- Barty, Barty meu querido. - ouvi Jenna me chamar. Com certeza algo tinha mudado, eu precisava saber.
- Jenna me amor, me perdoe por tudo. Eu não sabia o que estava fazendo, foi um mero acidente. Você tem que me perdoar. - supliquei.

Jenna começou a rir. A risada cortou o ambiente igual vidro caindo no chão. Foi excruciante.

- Barty meu querido. - ouvi Jenna dizer, ainda rindo, meu estômago embrulhava. - Sabe onde nós estamos? Acha que merece o meu perdão? Não existe perdão para quem está morto.
- Morto? Na verdade, eu já imaginava... Você que me matou Jenna? Por causa de uma traição? Você não poderia ter me perdoado? Poderíamos ter resolvido tudo, e estaríamos agora com nossa filha, em casa, em paz.

Nesse momento eu me dei conta de que tinha esquecido totalmente de Agatha. O que será que tinha acontecido com ela? Será que Jenna também a matou? Não era possível! Que tipo de mãe seria ela? Até entendo que minha esposa tivesse me matado, mas não a nossa filha. Jenna ainda ria.

- Não se preocupe com Agatha. Ela está bem, está aqui conosco. Nada melhor que a família reunida. - disse Jenna

E ela finalmente se virou. Não sei definir se susto é a palavra para definir esse momento. Talvez nojo e repugna definam. A barriga de Jenna estava aberta, eu podia ver sua caixa torácica quase por completo, seu vestido estava todo manchando de vermelho. Seu rosto desfigurado, ela já não tinha mais um olho, seu nariz já não existia e era possível ver o formato exato da sua mandíbula. Senti uma enorme vontade de vomitar. Se eu estivesse vivo, com certeza vomitaria, mas acredito que isso não aconteça com os mortos. 

- Gostou? - ela me perguntou com um sorriso sarcástico.

Engoli seco. As palavras sumiram da minha boca, não soube mais o que pensar, o que falar. O que teria acontecido com ela?

- Sabe Barty... Depois de eu descobrir que você se divertia com a minha irmã, você sabe, te dei uma facada no coração. - ela riu baixinho. - Logo depois, peguei Agatha e sai de casa. Sofremos um acidente, batemos o carro e agora estamos aqui, com você. Você quer vê-la?
- Agatha querida, venha falar com seu pai. - disse Jenna. O rosto dela expressava vingança, ódio. 

Ela queria me fazer sofrer, eu sabia disso. Por uns instantes eu pensei que iria desmaiar, mas sensação se tornou ainda pior quando eu a vi, do outro lado da sala uma porta de abrindo, e dela saindo Agatha, com o rosto são desfigurado quanto o de Jenna. Seu rosto estava encharcado de sangue, sua boca não tinha mais dentes, sua bochecha estava em carne viva, e ela sorria para mim.
Minha visão embasou, tudo o que era branco ficou preto, e eu só ouvia uma risada longe, e Agatha dizendo com uma voz tão fria quanto a de Jenna:

- Bem vindo Papai. Estávamos esperando você, se prepare para pagar pelos seus pecados.


Conto por: Isabelle Freire
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Olá pessoal! Meu nome é Isabelle Freire, tenho 17 anos, sou a criadora do blog Essencialmente {EU}, e fui convidada para colaborar com o LINHA TÊNUE. Estarei postando contos de todos os tipos semanalmente aqui no blog. Espero muito que tenham gostado do "NUNCA IMAGINEI", e não esqueçam de visitar o Essencialmente {EU}. :D


NÁUFRAGO




Era o quinto dia desde o naufrágio do navio, entre os cinco sobreviventes, o capitão ainda era quem dava as ordens. Eles não tinham nenhum tipo de equipamento, e as sobras dos alimentos havia acabado a dois dias atrás. Tudo que restava era um pedaço do navio, onde cabia os cinco a mercê do alto mar.
O capitão tentava passar a maior tranquilidade para os seus quatro tripulante, embora soubesse pela sua experiência que aquelas bandas do mar só via gente de cinco em cinco meses, a única coisa que ele não precisava era de quatro marmanjos loucos pela sombra das suas mortes eminente.
Com mais dois dias, todos já desfalecidos, pareciam conformados, aqueles águas seriam seus caixões. O vice comandante porém cochicha no ouvido do capitão que logo se pronuncia.
- Senhores, tendo em vista a situação em que nos encontramos, não nos resta outra escolha. Não temos comida, e a água que temos é escassa para cinco pessoas. Pela lei do condado de Pagamount é lícito que pelo bem da maioria sejam feitos sacrifícios. Proponho uma jogada de sorte, nos sentaremos em círculos, e ao girar esta garrafa, a frente de quem a tal garrafa parar servirá de comida para todos os outros.
Titubearam em aceitar a proposta, mas vendo que não havia alternativa, logo aceitaram. O primeiro a servir de sacrifício, pela ordem da garrafa, seria o capitão não fosse pelo seu fiel escudeiro, o vice comandante, o qual deu sua própria vida pelo amigo. Choravam e comiam com a mesma intensidade.
Assim, morreram um por um, ao ponto de sobrar apenas o capitão e um cozinheiro. Sobreviveram por 5 meses naquelas condições, foi quando uma outra excursão passava pelo mesmo local, e foram recebidos com grande alegria, comemoraram, beberam até cair.
Foram levados então de volta até o condado de Pagamount. Diante de um conselho de marinheiros, tiveram que falar como conseguiram sobreviver. O capitão começa a explicar toda a situação, e antes que pudesse terminar, foi logo sentenciado a pena de morte pelo crime de canibalismo, e o cozinheiro da mesma forma. A lei do condado de Pagamount era formada por 555 páginas, o Capitão havia decorado apenas a linha 5.

ARTISTA EM DESTAQUE: ISABELLE FREIRE





Escritora, desenhista e bailarina clássica. Esses são alguns dos atributos de Isabelle Freire, a primeira a figurar em nossos registros de artista em destaque, e com mérito. Isabelle é definitivamente um exemplo de artista a ser seguido, iniciou sua escrita artística logo cedo, aos 11 anos já redigia suas primeiras obras. Era a porta de entrada para o que ainda estava por vir.
De uma imaginação incrível, e com extrema determinação, Isabelle Freire trilhou um caminho de busca à sua identidade artística, e descobriu na escrita um verdadeiro mundo a ser explorado, mas ainda não seria o ápice da sua caminhada, logo aos 16 anos descobre que esse mundo pode ser ainda mais delicado e clássico, Isabelle dava seus primeiros passos no ballet.
Poderia ser o bastante para qualquer pessoa, mas o desejo pelo novo realmente faz parte da história de Isabelle Freire, com uma aptidão artística incrível, a imaginação não é presa apenas em palavras, desenhos e pinturas também fazem parte da sua jornada. Aos 17 anos resolveu compartilhar toda essa bagagem artística. Hoje Isabelle Freire é CEO do blog Essencialmente {EU}, onde disponibiliza dicas de desenho, séries de leitura, contos, reflexões, artigos de ballet e muito mais.
Com uma sensibilidade artística incrível, um desejo pelo novo insaciável e muita história para contar  Isabelle Freire é a nossa ARTISTA EM DESTAQUE.
OBS: Isabelle Freire foi convidada para estar colaborando com o nosso Linha Tênue Blog, e em breve estará escrevendo artigos aqui para o blog, fiquem ligados.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CASO DE JUSTIÇA



Homens de terno


Era possível vê-lo chorando, Billy mal conseguia olhar pra mim. - Só de pensar que havia convidado ele com tanto entusiasmo, afinal ele é o meu melhor amigo. Tinha tudo pra ser um jantar perfeito, já que pela manhã eu havia recebido a notícia do resultado da apuração dos votos, agora eu era deputado federal, simplesmente cinco anos de luta por por esse cargo, e depois que terminei meu casamento com a Bethy, essa era minha única motivação, mas é lógico que minha amizade com o Billy ainda estava acima disso tudo. 

Mas naquela noite ele queria me contar algo, e eu percebi assim que ele chegou. Ele parecia nervoso, estava o tempo todo conferindo o seu relógio como se estivesse esperando por alguém, ou quem sabe por algo. Aquilo me deixava impaciente, mas eu estava tão feliz por minha promoção que tentava não dar tanta atenção para isso.  Depois de alguns drinks Billy parecia outra pessoa, estava transtornado, chorava feito criança. Eu tentava acalmá-lo é claro, sem muito sucesso nos primeiros minutos, mas depois de um tempo ele logo me contou o que havia acontecido. Billy me contara que havia atropelado um esquilo no caminho para o restaurante, que estava em alta velocidade, e que antes disso havia tido uma discussão “daquelas” com sua esposa a Velma. 

- O senhor vai me desculpar Inspetor Holy, mas acho que não pode ter sido outra pessoa. 

- Continue sua versão senhor Eric, e poupe- me dos seus comentários. 

-Sim, senhor Holy. Então durante a nossa conversa o celular do Billy tocou, ele saiu para atender, e quando voltou parecia mais tranquilo. Não me disse quem era no celular, mas depois disso nós só conversamos sobre o trabalho.  -Ele foi embora no próprio carro, eu até pedi pra ele ir de taxi, mas ele sempre foi muito irredutível... - Isso é tudo que eu sei.. 

-Muito bem senhor Eric. Mas sua versão não explica as manchas de sangue do senhor Billy Hunt encontradas no seu carro, e o fato do único número que o senhor Billy Hunt recebera ligação essa noite ter sido exatamente o do senhor, senhor Eric, não o ajuda nem um pouco. No exame de corpo de delito que fizemos na senhora Velma Hunt, nas marcas de socos, foram encontrados vestigos de que o golpeador usava um anel exatamente como o seu. 

Alguém entra na sala de interrogatório. 

-Senhor Inspetor Holy?!

-Sim, sou eu.

-O senhor está preso, acusado de formação de quadrilha, corrupção e por mais de 150 casos de suborno. Tem o direito de permanecer calado, e tudo que disser poderá e será utilizado contra o senhor diante do tribunal.  

-Agora venha senhor Deputado Eric.  


Conto por: Adonai Campos

terça-feira, 6 de setembro de 2016

6 de Agosto de 1945



Desastre em hiroshima


Takashi parecia não entender o motivo, mas naquela tarde de 5 de agosto de 1945 era o seu último dia em Hiroshima. Naquele dia seu pai, o general recém formado do exército Japonês, estava inquieto e não dava a menor chance ao garoto de argumentar, já estava decidido, seria o ultimo dia da família na cidade. Takashi sentia-se impotente, por não ter a menor chance. Seu coração penava, ao se dar conta que alem de deixar para trás a cidade natal e os amigos, ali também estava o amor da sua vida.  

Aproveitando um momento de descuido do pai, Takashi não hesitou, correu para casa de Hasumi, a linda jovem sorria a espera dele na porta, mas pela feição de Takashi, Hasumi já notara que algo havia acontecido. Takashi toma Hasumi num abraço como se a vitória do japão na guerra dependesse disso, de olhos fechados, e sentindo o coração dela em seu próprio peito, ele chora, mais não diz uma só palavra. Aquele abraço era tão confortante para Hasumi quanto assustador, ela não resiste e logo pergunta, mas ainda com um sorriso no rosto, qual o motivo daquele choro. Takashi logo explica toda a situação.

Hasumi não pede, não insiste para que Takashi fique, ela simplesmente chora. E em outro abraço apertado, os dois despedem-se como sendo a ultima chance da vida. Horas mais tarde, a família de Takashi já estava pronta para partir, Takashi agora já dentro do trem, observava seus amigos do lado de fora , todos acompanhados de suas namoradas, parecia um filme passando em sua cabeça. O barulho do sino do trem avisava, era a hora de partir. Quando o trem arriscava engatar a velocidade mais branda, Takashi foi invadido pela coragem mais insana da sua vida, em um salto pulou pela janela do trem, pra desespero do seu pai, agora enfurecido, mas sem ter a menor condição de interferir. Takashi correu para a casa de Hasumi, ambos pareciam invadidos pela maior felicidade de suas vidas.

O dia seguinte, 6 de agosto de 1945, acordaram as 6 horas da manha, não pensaram duas vezes antes de ir até as margens do rio Ota, local em que haviam se conhecido. Apos duas horas de sorrisos, caricias, e sonhos planejados, um clarão obscuro toma as águas do rio. Takashi e Hasumi agora resumidos a pó, sem nenhuma chance de se argumentar. Hiroshima sentia o primeiro impacto da bomba Atômica.

Conto por: Adonai Campos


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Takashi parecia não entender o motivo, mas naquela tarde de 5 de agosto de 1945 era o seu último dia em Hiroshima. Naquele dia seu pai...

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